É hora de "descer do monte" para servir

No alto do monte, diante de Pedro, Tiago e João, Jesus se transfigura, revelando a plenitude de sua glória divina. Seu rosto resplandece como o sol e suas vestes tornam-se brancas como a luz (cf. Mt 17,2). É um momento de revelação, mas também de convocação.

Ao contemplar aquela cena extraordinária, Pedro deseja permanecer ali: “Senhor, é bom estarmos aqui!” (Mt 17,4). Contudo, a experiência da luz não é para ser retida, mas para ser levada ao mundo. A transfiguração não termina no alto da montanha; ela impulsiona os discípulos a descerem e continuarem a missão de Cristo, agora iluminados pela certeza de quem Ele é.

Assim também acontece conosco: quando experimentamos a luz de Cristo – na oração, na Palavra, na Eucaristia ou nos gestos concretos de amor –, somos chamados a não permanecer apenas no consolo da experiência espiritual, mas a deixá-la transformar nossa vida e nossa entrega.

A voz do Pai, vinda da nuvem, ainda ecoa em nossos corações: “Este é o meu Filho amado, no qual eu pus todo o meu agrado. Escutai-o!” (Mt 17,5).

Ouvir o Cristo transfigurado é comprometer-se com o Cristo Crucificado e Ressuscitado, é sair do monte da contemplação para o vale das necessidades humanas, levando a luz recebida aos que vivem na sombra.

A Transfiguração é, portanto, uma preparação para a missão. Quem viu a luz, não pode viver como se estivesse nas trevas. Quem encontrou Jesus, é enviado a anunciá-Lo.

“Levantai-vos e não tenhais medo!” (Mt 17,7) – diz o Senhor também a nós hoje. Que a luz da Transfiguração nos fortaleça para seguir em frente, com coragem e fé, anunciando com a vida o rosto glorioso de Cristo ao mundo.

Silvana Lima (Pascom), com a colaboração de Cain Gonçalves (Pascom)