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- PASCOM
- 12 de fev. de 2024
- 9 min de leitura
Carnaval é uma época de festa, música e alegria, mas para muitos cristãos, é uma oportunidade de renovar sua fé e fortalecer sua comunidade. Se você não quis curtir a folia, propomos uma meditação diária para esses ultimos diad de carnaval e início de Quaresma, de forma que te ajude a aprofundar sua fé neste período para sua vivência cristão neste novo tempo tão forte que advir em nossa Igreja, de Quaresma, Semana Santa, Páscoa e Pentecostes.

Orientação:
Escolha um local tranquilo e calmo para fazer a meditação.
A Bíblia Sagrada contém a Palavra de Deus dirigida aos homens. São palavras que demonstram o amor do Senhor por todos e por cada um em particular. Palavras que foram escritas por mãos humanas, mas inspiradas pelo Espírito Santo. E palavras que devem ser compreendidas pelo mesmo Espírito que a inspirou.
A leitura da Palavra do Senhor não deve ser feita da mesma forma que é feita a leitura de um romance, de uma história ou de uma ficção. A Palavra de Deus é transformadora e inspira o leitor a uma conversão, à mudança de vida. Por isso, a melhor forma de ler as Escrituras é por meio de uma leitura orante.
A Igreja nos ensina a Lectio Divina, uma prática de leitura orante, que deve ser feita diariamente para que a Palavra do Senhor penetre no coração do leitor e produza os efeitos necessários.
Você sabe fazer a Lectio Divina? É bem simples. Antes de iniciar, faça uma oração e peça o auxílio do Espírito Santo. Pode rezar essa oração:
“Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor. - Enviai, Senhor, o vosso Espírito, e tudo será criado; e renovareis a face da terra. Ó Deus, que instruístes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas e gozemos sempre da sua consolação. Por Cristo Senhor nosso. Amém”.

Agora, vamos aos passos da Lectio Divina:
1º PASSO - MEDITAÇÃO
Leia com atenção o trecho da Bíblia sugerido. O mais importante é procurar descobrir os detalhes que estão nesta narrativa: quem são os personagens, a situação vivida, qual foi a reação deles àquela Palavra ouvida. Busque entender o contexto. Leia e releia, se for preciso.
2º PASSO - MEDITAÇÃO
Após ler com atenção, pense: “O que essa Palavra diz para mim? Em que ela me tocou?”. Este é o momento de você refletir sobre a Palavra, até mesmo ruminar aquele texto. Buscar um sentido novo, colocar-se diante da Palavra como quem seja o destinatário daquela mensagem. É momento de entender que a Palavra de Deus foi escrita para você, de modo pessoal.
3º PASSO - MEDITAÇÃO
Quando você se colocar diante da Palavra, a oração virá naturalmente. A oração é fruto dessa meditação. Aquilo que você pensou na meditação, deve se transformar em súplica, em louvor ao Senhor. É o momento de clamar a Deus para que você dê uma resposta concreta a Ele, com a sua vida, por meio do ensinamento das Escrituras.
É importante que você se sinta livre. Deixe que o Espírito Santo conduza a oração, seja uma súplica, uma intercessão ou um louvor. Não se prenda a orações formuladas ou busque palavras bonitas. É um momento entre você e Deus. Fale o que você sente, deixe Deus te ouvir.
4º PASSO - CONTEMPLAÇÃO
Depois que você fala, é momento de ouvir ao Senhor. Fique em silêncio, em paz. Ele dará a resposta aos seus questionamentos. Permita que o Espírito Santo de Deus te conduza neste momento de contemplação, sinta a presença d’Ele contigo e permaneça na presença d’Ele.

Primeira reflexão
Meditação individual
Para ajudar nesta reflexão, leia 1Reis 19,8-13.
O que está fazendo aqui?
O que busca em sua vida?
Fique sozinho em silêncio meditando o texto sugerido no modelo da Lectio Divina. Dedique o tempo que for necessário, não se preocupe com o tempo.... Medite, rumine, volte ao momento anterior… O importante é você fazer a meditação individual procurando alcançar as respostas pretendidas.
Segunda reflexão
A escuta de Deus
Rezar é entrar em relação de profundidade com pessoas. É estar presente com o coração, em meio ao silêncio interior. É no mais íntimo da nossa vida que rezamos ao Senhor. É no mais profundo de nossa interioridade que escutamos o Senhor. E na linha do serviço, que rezamos ao Senhor.
Rezar é escutar Deus. É ouvi-lo. Percebê-lo. É entrar em atitude de escuta com este Deus dentro de nós, que se manifesta através de nós.
É perceber Deus nos outros. É tornar-se peregrino com o permanente. É este gesto interior de escuta que nos dispõe ao relacionamento frente aos acontecimentos, às pessoas, à realidade...
Rezar é assumir a Palavra de Deus. Na Bíblia e na vida, encontramos o protótipo de Deus na história dos homens. Também as respostas dos homens dentro da própria originalidade. Respostas pessoais.

Dois movimentos importantes são exigidos para a oração bíblica ou da Palavra de Deus:
1) Um ir à fonte, ao protótipo, permanecendo em longo tempo de escuta.
2) Um voltar à própria vida, assumindo de maneira pessoal o protótipo.
Orar é deixar-se penetrar pelo Espírito do Senhor. É deixar-se invadir pela luz, pela vida Daquele que "armou sua tenda entre nós" (Jo
1,14). É entrar numa exigência de atitude de vida. É contemplar, ultrapassando a periferia e atingindo cada vez mais o "núcleo" do mistério
É por esta oração de contemplação que brota a atitude contemplativa, essencial às pessoas de vida ativa. Estas, impulsionadas pela "experiência pessoal do mistério", serão um bem em meio às atividades semeando bondade, descobrindo o "evangelho vida" nas pessoas com as quais se encontram. "Oração - trabalho" passam a ser uma unidade.
O contemplativo é aquela pessoa que está mais por dentro da realidade total da humanidade. Leva o mistério de Deus em sua simplicidade no caminhar em direção aos homens.
Importa na oração, colocarmos a vida em direção ao Senhor. Se entregarmos a Ele o nosso ser, o nosso agir será oração. A entrega, num ritmo intenso de oração, descobrindo um "tempo intenso" para escutar o Senhor. Depois a oração, oração num ritmo extensivo, é a repercussão através do dia nos afazeres.
O fundamental para a oração é a nossa vida, rezar é entrar em relação de profundidade com pessoas. A nossa vida é quem entra em relacionamento. Partindo dos fatos normais que acompanham nossa existência, encontramos meios para uma contínua abertura, num processo de libertação, lembrando-nos de que Jesus Cristo já deu sentido à vida. Ele inaugurou uma "vida nova".
Tudo isto conseguimos pela força do Espírito, que é o Deus que ora em nós e permanece em nossos corações (Rm 8,26).
Meditação individual
Rezar sozinho, no modelo da Lectio Divina
Escolha 3 dos textos.
Textos bíblicos sobre oração, "escuta de Deus":
Jo 15,1-11
At 2.46-47
Le 11,9
Is 43
Mt 6.6-13
Is 50.4-11
Mt 11,25-30
Rm 8,26-27
Senhor, o que queres de mim? Responda esta questão baseado nos 3 textos que foram escolhidos.

Terceira reflexão
Deus presente mesmo nas adversidades
Vamos meditar o "Mistério de Deus", a partir do ponto de vista do livro de Jonas 1-4.
Meditação individual
Leia o livro de Jonas.
Para este momento estabeleça o tempo que for necessário.
Quais os apelos de Deus que sinto em minha vida?
O que minha vida tem de parecido com a história de Jonas?
No final escreva todas as experiências vividas com o Senhor.
Quarta reflexão
O verdadeiro encontro com Jesus transforma a minha vida
Vamos meditar este último dia baseando-se na experiência e vivência da Samaritana em João 4,1-42 (seguindo o modelo de oração da Lectio Divina)
Nosso Senhor estava viajando da Judeia para a Galileia, e, ao passar pela Samaria, cansado da viagem e com sede, sentou-se, ao meio-dia, junto a um poço. Diante dessa cena, nenhum de nós pode alegar que Deus não conhece nossos sofrimentos, pois Ele próprio os assumiu e vivenciou, nos menores detalhes, até mesmo no cansaço físico.
O Evangelho relata que, enquanto Jesus estava sentado, venit mulier de Samaria haurire aquam, “veio uma mulher da Samaria para pegar água” (Jo 4, 7). Por analogia, nós somos como esta mulher que se dirige ao poço para buscar água, pois frequentemente recorremos à fonte de água viva para saciar nossa sede e recompor nossas forças espirituais. Muitas vezes, por exemplo, rezamos e participamos da Missa, buscando receber algo de Deus: uma graça, a cura de uma doença, a solução de problemas familiares, a aquisição de um bem material, etc.

No entanto, de forma paradoxal, a mulher que foi buscar água ouve de Jesus Cristo — o Logos eterno e perfeito que sustenta todo o universo — o seguinte pedido: Da mihi bibere, “Dá-me de beber” (Jo 4, 7). Aqui se apresenta uma das maiores provas do amor de Deus por nós: mesmo sem necessitar de nada, Ele pede algo de nossas vidas, mostrando assim que não é indiferente a nós e às nossas necessidades, mas se coloca ao nosso lado para vivê-las e santificá-las.
O belíssimo hino Dies Irae (que era entoado na missa dos Fiéis Defuntos e que, na liturgia atual, é cantado no final do ano litúrgico) expressa, em clara referência ao episódio da samaritana, que Jesus nos busca constantemente, a ponto de ficar extenuado:
Quaerens me, sedisti lassus:
redemisti Crucem passus:
tantus labor non sit cassus.
Procurando a mim, sentastes exausto
Sofrendo na Cruz, redimistes-me
Que tanto trabalho não seja em vão.

Nesses versos, vemos um paralelo entre o encontro de Jesus com a mulher samaritana e a condição humana perante a Encarnação do Verbo de Deus: Nosso Senhor veio a este mundo e desgastou-se por nossa salvação. E mesmo não precisando de nós, Ele pede-nos de beber, pede que correspondamos ao ato de amor extremo que Ele realizou por nós.
Nesta Quaresma, a Igreja exorta-nos a mudar de atitude: a parar de nos dirigirmos a Deus apenas para pedir e olharmos para o Cristo Crucificado que, do alto da Cruz, diz-nos: Sitio, “tenho sede” (Jo 19, 28). Nosso Senhor tem sede do nosso amor, não porque dele necessite ou por carência afetiva, mas porque assumiu a condição de necessitado, desejando nosso amor e consolação. Deus, amor eterno, perfeito e infinito, embora não precise, quer o nosso amor.
E Ele o faz porque isto é o melhor para nós. Amando a Jesus, o Filho de Deus, seremos divinizados por Ele, pois nos tornamos aquilo que amamos. O amor tem essa característica de nos colocar no nível daquilo que amamos. Desse modo, quem ama realidades elevadas, por elas é elevado. Já quem ama as coisas baixas, rebaixa-se ao nível delas. Por isso, a Igreja, como mãe e mestra, exorta-nos a elevar nossos corações ao Deus Altíssimo: Sursum corda! E como as coisas do alto nos parecem tão inatingíveis, Deus, que não necessita de nada, desce até nós e se faz necessitado, estende a mão e nos pede de beber. No entanto, com esse gesto, Ele está, na verdade, resgatando-nos do abismo em que muitas vezes nos encontramos, devido ao nosso coração nômade que vive mendigando afeto, sem fixar morada definitiva.

Ao pedir, pois, à samaritana: “Dá-me de beber”, Jesus estende a mão para resgatá-la do abismo dos falsos amores em que ela vivia, a fim de elevá-la ao conhecimento do Amor Eterno. Sem entender, a mulher ainda tenta argumentar com Jesus: “Como é que tu, sendo judeu, pedes de beber a mim, que sou uma mulher samaritana?”. Ao que Ele responde: “Se tu conhecesses o dom de Deus e quem é que te pede: ‘Dá-me de beber’, tu mesma lhe pedirias a ele, e ele te daria água viva”. Vemos aqui outro elemento fundamental: para amar a Deus, primeiro precisamos conhecê-lo, pois ninguém ama o que não conhece. No diálogo com a samaritana, Jesus vai se dando a conhecer, de modo que, ao perceber parcialmente quem Ele era, ela afirma: “Vejo que és profeta”. Nosso Senhor, porém, mostra que Ele é muito mais que um profeta, revelando-se à samaritana como a fonte de água viva que irá saciá-la.
Em termos práticos, precisamos primeiramente mudar a nossa atitude diante de Deus. Deixemos de procurá-lo como a samaritana, apenas para haurir “água”, e procuremos dar a Ele algo de nossas vidas. Nosso Senhor nos diz: “Dá-me de beber”, porque, quando o amamos, acontece algo de sobrenatural e extraordinário: somos elevados às alturas divinas, a fim de bebermos da única fonte de água que pode realmente saciar-nos.
(Reflexão de Pe. Paulo Ricardo).
Para este momento estabeleça o tempo que for necessário.
Quais são as coisas que me afastam de fazer o encontro com Jesus?
Você já fez o encontro com Jesus? Se sim, como foi esta experiência?
Quais os compromissos vou assumir para transformar a minha vida neste período tão profundo de nossa igreja?
No final reze o terço da misericórdia, pedindo a clemência de Deus para sua vida.
Vamos Rezar o Terço da Misericórdia com a Rádio Canção Nova.
Comece a rezar o terço da misericórdia com: 1 Pai-Nosso…1 Ave-Maria… e 1 Creio…
Nas contas do Pai-Nosso, reza-se: Eterno Pai, eu Vos ofereço o Corpo e Sangue, Alma e Divindade de Vosso diletíssimo Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, em expiação dos nossos pecados e dos do mundo inteiro.
Nas contas das Ave-Marias, reza-se: Pela Sua dolorosa Paixão, tende misericórdia de nós e do mundo inteiro (10 vezes).
Ao final do terço, reza-se:Deus Santo, Deus Forte, Deus Imortal, tende piedade de nós e do mundo inteiro.

GESTO CONCRETO
Este tempo litúrgico noqual vamos entrar pede que façamos jejum, oração e caridade...
Sendo o ano da oração estabelecido pelo Papa Francisco, sugiro que faça uma prática diária de oração para viver este tempo, como também, pense em algo concreto de caridade para fazer como resultado desta contemplação e encontro com Jesus.
José Carlos Santos Silva (Pastoral da Catequese e Apostolado da Oração), com a colaboração de Silvana Lima (PASCOM).
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