Mães refletem sobre celebração
- PASCOM
- 15 de abr. de 2024
- 4 min de leitura
As Mães que Oram Pelos Filhos meditaram, no último dia 10, sobre a importância da celebração, como tema da formação que acontece toda quarta-feira, dia em que o grupo de reúne na Igreja Matriz.

Nessa último momento formativo, o grupo aprendeu que celebrar é tornar célebre, valorizar um fato ou acontecimento marcante em nossa vida ou na vida de alguém muito querido e especial.
Como cristãos católicos celebramos a Missa. A missa é o Memorial da Paixão, Morte e Ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo. Nela fazemos memória e tornamos atual o Mistério Pascal, colocando em ato, ou seja, na prática, o que Jesus viveu, para torná-lO o momento fundamental da nossa fé, fonte de chegada e de partida para toda a missão da Igreja.
Desde as primeiras comunidades cristãs, a celebração foi acolhida como uma importante fonte de espiritualidade pelos discípulos de Jesus, e, hoje, como discípulos, nós devemos acolher tanto quanto os primeiros discípulos, e, para tanto, é preciso conhecer cada vez mais e melhor. “Fazer memória é colocar em ato”, segundo as Escrituras, o evento que celebramos, tornando-o atual, renovando o nosso senso de pertença ao Corpo de Cristo, que é a Igreja, e de que somos discípulos missionários dEle.
O Mistério da Paixão, da Morte e a Ressurreição é, para nós cristãos, um acontecimento marcante, é o centro da nossa fé. Além disso, é uma condição liminar, um limite a se transcender para, com fervor, entrar no espaço habitado pela Santidade de Deus, que se faz Encontro, Comunhão, Proximidade, Palavra e Paz no coração de uma comunidade reunida.
As palavras de Jesus na Última Ceia que realizou com os seus discípulos, em celebração da Páscoa dos judeus, fazia memória à libertação da escravidão do Egito: “Tenho desejado ardentemente comer convosco essa Ceia especial, antes de padecer” (Lc. 25,15). E, ao tomar o pão e o vinho, Ele ressignifica aquela refeição com a entrega da sua própria vida, pois Ele sabe que Ele é o Cordeiro Pascal. Esse gesto de Jesus só é entendido pelos Apóstolos três dias após, com a Sua Ressurreição e aparição a eles.
“Fazei isso em memória de mim” (Lc. 22,19), significa a ação ritual, o acontecimento da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor e a promessa de Sua vinda escatológica, ou seja, seu retorno (teoria a respeito das coisas que irão suceder, depois do fim do mundo).
Quando celebramos a Eucaristia, colocamos em ato a inteira ação que Jesus realizou na Última Ceia: tomar, dar graças e comer, como coroamento de Sua profecia em vista de Sua Morte e Ressurreição. Se um desses gestos faltar, desvirtua-se a participação neste mesmo sacrifício. Somente a audição das palavras e a visão dos gestos, por melhores que sejam, não são capazes de dar a relevância e plenitude ao Sacramento.
No livro de Êxodo existe uma narrativa que nos fala do Rito Pascal, vivido pelos Hebreus. Quando tiverdes entrado na terra que o Senhor vos dará conforme prometeu, guardareis esse rito. E quando vossos filhos vos perguntarem: “Que significa esse Rito?”, respondereis: “É o sacrifício da Páscoa do Senhor, que passou adiante das casas dos israelitas, no Egito, quando feriu os egípcios e salvou as nossas casas" (Ex. 12, 325-27).
Esse texto nos mostra a importância do conhecimento dos ritos que nos ajudam a celebrar o mistério da nossa fé. Os filhos de Israel de ontem e de hoje sempre recordarão a importância do Rito Pascal, como marco inicial de um povo que recebeu a tarefa de revelar ao mundo o sonho do Deus de Israel, que não foi outro senão a vida e a libertação do seu povo.
Os Cristãos são chamados a celebrar, em assembléia, o mistério de toda a vida de Jesus, sua existência, morte e ressurreição. A palavra “memorial”, de origem grega, significa “anamnesis”, e é utilizada para estabelecer a relação da festa da Páscoa com a saída do Egito. Não no sentido de apenas lembrar, mas de “re-cord-ação”. Ao celebrar com os discípulos, na Última Ceia, Jesus dá um novo sentido à celebração da Páscoa Judaica.
A Ceia se torna a prefiguração da Nova e Eterna Aliança. Sua morte é representada como um novo Êxodo, uma nova passagem da morte para a vida. A libertação que Deus operou foi total, plena, dirigida a toda a humanidade. O poder salvífico do sacrifício de Jesus chega até nós na celebração dos Sacramentos.
A Morte e Ressurreição de Jesus, que aconteceu uma só vez, torna-se presente para nós cristãos, por meio da Celebração Litúrgica expressa no rito: “Todas as vezes que comemos desse pão e bebemos desse cálice, anunciamos, Senhor, a vossa morte enquanto esperamos a Sua Vinda!”
O altar da celebração é o trono e o Cordeiro é o próprio Cristo, presente nas espécies eucarísticas: “Eis o Cordeiro de Deus , aquele que tira o pecado do mundo” (Jo. 1, 29-34).
Por meio da celebração dominical e cotidiana da Eucaristia, fazemos memória fundante da nossa salvação e morte e ressureição de Jesus. O sinal profético, no entanto, nos dá a oportunidade de participar da Salvação realizada por esta Morte e Ressurreição.
Para refletir:
1 – Qual o mistério que celebramos na Eucaristia?
2 – O que é memorial?
3 - Quando se diz: "Mistério da fé na Celebração Eucarística", a que se refere?
Fontes:
-Missal Romano
-Goffredo Bosseli. OSentido Espiritual da Liturgia, p. 29
-CONCÍLIO VATICANO II. Constituição Sacrosanctum Concilium: sobre a Sagrada Liturgia. In: CONCÍLIO Ecumênico Vaticano II: Documentos. Brasília: Edições CNBB, 2018, р. 21
-Livro Itinerário Formativo das Mães que oram pelos Filhos- padre Thiago Feccini - CNBB
Silvana Lima (Pascom), com a colaboração de Maria José (Mães que Oram pelos Filhos)
Comments