Professor mostra como o apóstolo Paulo continua respondendo aos problemas da sociedade atual
- PASCOM
- 18 de set.
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Na última terça-feira, 16, mais uma reflexão sobre as Sagradas Escrituras foi realizada na Igreja Matriz da Paróquia da Ressurreição do Senhor, dando sequência ao ciclo de formações que acontece durante o mês de setembro, dedicado ao aprofundamento do estudo bíblico.
A palestra, que falou sobre "Maturidade na fé", foi conduzida pelo especialista em Bíblia, professor Carlos André, docente da Escola de Educação e Humanidades da Universidade Católica do Salvador, onde é responsável pelas disciplinas bíblicas do curso de Teologia.

Com formação no exterior, o professor iniciou sua exposição destacando um aspecto histórico relevante: o fato de a Carta aos Romanos, tema do estudo, ter fomentado ideias que contribuíram para a divisão dos cristãos no século XVI, originando diferentes igrejas.

Como salientou o docente, a divergência de interpretações acerca da fé foi ocasionada pelas diferentes traduções das Escrituras, que sofreram influências das línguas para as quais foram adaptadas.

Esse processo revela a íntima relação entre a Bíblia e o tempo em que os livros sagrados foram escritos.
Apesar desses desafios de comunicação, o especialista recordou que hoje existem espaços de diálogo ecumênico marcados pelo respeito mútuo, como o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC).

Ressaltou, ainda, a admiração que algumas personalidades evangélicas têm manifestado pela Igreja Católica nas mídias sociais, a despeito do contexto que contribuiu para a separação.
Tal contexto, por sinal, foi utilizado como chave de interpretação para compreender a missão de Paulo, impactada fortemente pela realidade geográfica daquele momento histórico. Com o auxílio de mapas e comparações com territórios atuais, o professor demonstrou como o apóstolo enfrentou enormes desafios para evangelizar, chegando a colocar sua própria vida em risco ao percorrer a pé distâncias que hoje são facilmente vencidas por meios de transporte modernos, como o avião.

Carlos André explicou ainda a teoria mais aceita para justificar a escolha de Paulo em escrever para Roma — uma comunidade que, diferentemente de outras, não havia sido fundada por ele.

A posição geográfica estratégica da cidade, que serviria de apoio para Paulo chegar até a Espanha, pode ter motivado essa decisão. Já a complexidade de sua sociedade pode ter feito da Carta aos Romanos um dos escritos de Paulo mais desafiadores de interpretar.

Por outro lado, essas mesmas características fazem da carta uma das produções mais ricas de Paulo, por meio da qual realiza uma forte exortação contra os costumes que feriam os princípios espirituais ensinados por Jesus.
Embora escrita há quase dois mil anos, a Carta aos Romanos mantém sua atualidade, como sublinhou o professor, recordando que a adesão a Cristo sempre será o critério para a vida em comunidade.
"São Paulo está criticando a divisão interna que uma divisão interna que a comunidade pode sofrer de modo sutil, que nem sempre a gente detecta", ponderou.
Ele também falou dos prejuízos provocados pelo julgamento do jeito de ser do outro e da nossas escolhas frente às diferenças.
"Eu passo de uma obrigação legal de ter que cumprir a lei para uma adesão que me faz perceber que aquilo que Deus me pede e, na verdade, ter uma responsabilidade com meu irmão", afirmou.
Durante quase duas horas de palestra, o especialista respondeu a dúvidas, explicou questões dogmáticas e teologais e compartilhou curiosidades, utilizando inclusive relatos bem-humorados que divertiram o público.

O pároco da Paróquia da Ressurreição do Senhor, padre Casimiro Malolespzy, missionário redentorista, acolheu o professor antes do encontro, que também foi recepcionado com carinho por padre Stanislaw Wilczek, presidente da Santa Missa das 18h, na qual foi feito o convite ao evento.

A paroquiana e integrante do antigo grupo de formação, Ana Cecília Bastos, foi a responsável pela iniciativa da formação, que deixou para todos uma grande mensagem:
"o chamado que todos nós fazemos é formar uma grande comunidade humana de irmãos", como pontuou o professor.
Silvana Lima (Pascom), com a colaboração de Ana Cecília Bastos (Pastoral do Batismo) e Taísa Badaró (Pastoral da Catequese)



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