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Quem vai remover essa pedra?

  • PASCOM
  • 30 de out. de 2023
  • 10 min de leitura

Atualizado: 18 de set. de 2024

A desigualdade social condena à precariedade muitos irmãos e irmãs que não têm acesso a serviços básicos, como os de saúde, chegando, muitas vezes, a perderem a vida.

E como podemos sair dos "sepulcros sociais" que nos mantém presos a essas situações de morte, como Jesus saiu quando teve a pedra do sepulcro removida? A resposta é: unindo forças!

E foi o que a Paróquia fez neste último sábado (28) para realizar a Feira da Saúde e Cidadania de 2023.

Promovido pela Pastoral da Saúde, a Feira contou com a parceria de muitas outras pastorais, grupos e movimentos para garantir atendimento médico e acesso a serviços sociais a mais de 500 pessoas, vindas, inclusive, de outros cidades da Bahia, como Amargosa e Feira de Santana.



O atendimento foi realizado em todos os níveis da Igreja Matriz: do subsolo ao 2° andar, com os espaços sendo divididos por tipos de serviços.



Após passarem pela triagem, realizada por voluntários na entrada do prédio, os participantes foram encaminhados para o atendimento nas áreas clínica, ginecológica, oncológica, ortopédica, psicológica, odontológica, nutricional, cognitiva/mental e oftalmológica, além de terem acesso a serviços de fisioterapia, massoterapia, pilates e estética.



Quem foi à Feira também pode ter aferidos a sua pressão arterial e o seu índice glicêmico (açúcar no sangue), de forma rápida e confortável.

Os voluntários cuidaram, ainda, do apoio aos médicos e a outros servidores que se revezaram no atendimento, levando lanche e água para todos.



Entre eles estava Zenilda Santos, do Movimento Mães que Oram pelos Filhos, que se ofereceu para o serviço voluntário com o propósito de ajudar outras pessoas a sanarem alguns problemas de saúde.


"Estou dando um pouco de mim para que outras pessoas sejam, de alguma forma, ajudadas. É um ajudando o outro para poder alcançar os seus objetivos. Estou me sentindo feliz. Isso me faz bem. Eu acho que não só a mim, mas a qualquer pessoa, né? Se doar", refletiu ela.

Para o paroquiano e médico clínico André Marques, foi uma alegria poder contribuir com a sua comunidade.

"Estou emocionado em poder participar desse momento, trazendo alguns conselhos e prestando atendimento", revelou. 

Este também foi o sentimento de Dra. Maria Angélica Albuquerque, ginecologista, que já participou de outra edição da Feira.

A médica, inclusive, também realizou, na Paróquia, palestras para mulheres sobre menopausa, dando apoio sempre que necessário.


Os doutores André, Ma. Angélica e Ricardo (da esquerda para a direita) ficaram felizes por poderem ajudar

"Eu me sinto gratificada porque já trabalho numa unidade pública e sei que as pessoas precisam do meu melhor. Então, só em servir eu já me sinto bem", justificou a médica. 

Outro que pontuou a situação do serviço público de saúde foi o Dr. Ricardo Silva Rohrs, ortopedista. 

"Infelizmente, a gente vive uma realidade da saúde pública que não consegue suprir, absorver toda essa demanda da população. Então, isso aqui está sendo muito beneficente para a comunidade, está sendo muito proveitoso. Acredito que a gente está conseguindo fazer a diferença na vida das pessoas aqui, hoje", ponderou.

Pacientes como Simone Araújo Santos confirmam essa realidade. Moradora do bairro do Calabar, ela soube da Feira pela TV e foi à Igreja Matriz na esperança de conseguir agilizar exames cujas solicitações estão com ela desde o mês de julho, sem nenhum encaminhamento. Após ser atendida, Simone revelou ter ficado mais tranquila. "Agora eu consegui. Está tudo bom. Gostei muito", afirmou.


Os doutores Fabrício e Julia atenderam a senhora Simone


Ela foi atendida por Dr. Fabrício Silva e Dra. Júlia de Castro, que não são paroquianos, mas fizeram questão de participar.

Além de parabenizar os idealizadores do evento, Dr. Fabrício ressaltou a sensibilidade da Igreja diante da necessidade do próximo.

"É muito importante trazer a comunidade, mostrar que a função social da Igreja vai além do amparo e acolhimento espiritual. As pessoas têm essa necessidade física e para mim é uma honra estar aqui.

Muito obrigado por essa oportunidade para nós, profissionais, e para as pessoas, que são os principais envolvidos no evento", analisou ele.

Para Dra. Júlia, a experiência também foi boa, com destaque para a organização nos atendimentos.

"O pessoal da organização está bem empenhado em ajudar as pessoas, e a gente está com essa sensação de gratidão de poder estar ajudando também. A gente vê que tem vários profissionais envolvidos, então, parabéns mesmo!", elogiou.

Assim como Simone, muitos pacientes esperam uma oportunidade para começar a cuidar de problemas sérios de saúde, como aconteceu com os que foram atendidos pela Dra. Gildete Lessa, oncologista e sócia do Núcleo de Oncologia da Bahia.

Assim que foi convidada, ela se colocou à disposição para o que considera um movimento muito positivo. "Estou aqui e sempre que for possível estarei presente", disse ela, que tentou sensibilizar outros médicos para a importância da ação. Na visão da médica, mais importante do que o trabalho que estes profissionais realizam nas mídias sociais, é atender as pessoas que precisam de ajuda. "Eu acho esse tipo de trabalho muito mais ético, muito mais saudável. O meu sentimento é de que as pessoas gostam muito de postar na mídia para se fazerem presentes, mas eu acho que a presença que temos que ter é ajudando quem precisa, não é?", questionou a médica.

Dra. Gildete também reconheceu a precariedade do sistema público de saúde e a carência da população. 


Dra. Gildete gostaria de ver mais colegas ajudando


"A gente tem que apoiar esses movimentos, porque a gente entende que lá fora a assistência está muito comprometida. Tem uma demanda grande com serviço ineficiente. Então, na medida do possível, que a gente possa ajudar, orientar uma pessoa como procurar resolver seus problemas, eu acho isso muito válido.

Eu fui beneficiada algum tempo atrás, quando eu tive acesso a estudar, a fazer medicina, com esse propósito de ajudar. Então, na medida do possível, se eu posso ajudar, eu ajudo", concluiu.

Para pessoas como Vera Almeida, da Comunidade do Sagrado Coração de Jesus,

essa ajuda é essencial.

"Encontrei tudo o que eu queria na Feira. Está ótimo, a organização está maravilhosa", garantiu.

Vera elogiou o evento


Além dos serviços tradicionais, a Feira ofereceu avaliação cognitiva por meio de um pequeno teste, possibilitando a quem foi beneficiado pela ferramenta ter uma ideia de como se encontra sua atividade cerebral.

A neuropsicóloga Jana Lyra, que foi acompanhada da filha e estudante de medicina Natália Machado, mostrou como acontece essa avaliação, ressaltando que a cognição abrange a linguagem, a atenção, memórias, como a de curto prazo e a semântica, a parte de raciocínio de números, a compreensão e a coordenação motora-fina do paciente. "A partir desse mini-exame do estado mental, temos um perfil de paciente, avaliando se ele está ou não entrando em declínio cognitivo", explicou. Nos casos em que houve essa constatação, o paciente foi orientado a cuidar dessa área da saúde para evitar um processo demencial, que pode acontecer de maneira precoce. 


Flávia, Natália e Jana (da esquerda para a direita) compartilharam conhecimentos sobre saúde mental


A Dra. também destacou a importância do cuidado com aqueles que, naturalmente, tendem a perder a capacidade cognitiva com o avanço da idade. "O idoso, cada vez mais, vai diminuindo a sua capacidade de fala e vai perdendo também um pouquinho da noção de profundidade, da capacidade de equilíbrio, de pegar nas coisas, se esbarrando nelas", pontuou.

Para reabilitar esse idoso ou prevenir a antecipação de patologias, é importante que profissionais capacitados possam oferecer assistência como a encontrada na clínica Via Humana, que apoiou a Feira com a presença da coordenadora da clínica, Flávia Andrade.

Esse e outros serviços tornaram a Feira diversificada e um bom exemplo disso pôde ser visto no trabalho da transceira Isabela Silva, do subúrbio de Salvador. 

Convidada pela segunda vez pela coordenação, ela se deslocou até Ondina, levando consigo a mãe, que depende dos seus cuidados. "Vim me doar hoje", ressaltou.


Isabela trançou o cabelo de Maria, que gostou dos serviços oferecidos pela Feira


Para Maria Silva Santos, o serviço chegou em boa hora. "Já estava querendo fazer tranças. Usava quando era pequena e depois que cresci, falei: quero voltar a usar", revelou.

A dentição também recebeu cuidado e orientação da Dra. Roberta Freitas, que acompanhou a turma de estudantes de odontologia da Universidade Ruy Barbosa, com o objetivo de realizar uma avaliação na população da Feira e identificar a necessidade de cada pessoa, encaminhando-a para atendimentos específicos.


A equipe da Uniruy orientou sobre a escovação eficaz dos dentes


A ação envolveu, ainda, distribuição de kits de higiene oral, com macro modelos usados para mostrar como se faz uma boa escovação dos dentes, incluindo aplicação de flúor durante a pequena oficina.


Dra. Cristiane (à esquerda) atendeu com outras colegas na nave da igreja


O atendimento também se estendeu à área da psicologia e os espaços da nave da igreja foram usados para atender as pessoas com privacidade e segurança.

A Dra Adriana Dutra apontou o quadro de ansiedade como recorrente na rotina das pessoas atendidas, salientando como é importante um lugar onde elas possam falar sobre suas preocupações e angústias.

"Esse serviço que a Paróquia fornece é muito legal. Vai ajudar muita gente. Muita gente mesmo", afirmou. 

A Dra. Cristiane Sampaio também falou sobre como o autoconhecimento pode ajudar as pessoas a entenderem suas limitações e terem equilíbrio emocional, principalmente no relacionamento com aquelas do seu convívio.

"Tem pessoas com situações de muita ansiedade, sem terem conhecimento, sem saberem como lidar com essas emoções. E é aí que a orientação profissional vem auxiliar essas pessoas, até para evitar ressurgimentos maiores. É muito importante conhecer seus limites para que as relações, inclusive aquela que o indivíduo tem consigo mesmo, se estabeleçam de forma saudável", reforçou ela.

João (à esquerda) e Edmilson (centro) gostaram do atendimento


Para João Júnior, que morou fora e está retornando à Paróquia, essa diversidade de serviços é importantíssima.

"Quando você não tem um Governo que faz direito, a comunidade faz e faz bem", justificou. 

Outro que ficou satisfeito com o serviço foi Edmilson dos Santos, morador do Alto das Pombas, no bairro da Federação, e frequentador da Comunidade de São Lázaro e São Roque.

"Eu queria muita coisa, mas quando eu cheguei tinha muita gente, então eu preferi o dentista. Eu gostei do atendimento. O pessoal foi atencioso, me orientou como se escova os dentes, me deu remédio e fui bem tratado. Valeu à pena", garantiu.

Selma falou da sua felicidade em poder servir


Selma Vieira, assistente social e idealizadora da Feira, falou da satisfação em poder proporcionar todos esses serviços, a partir da parceria estabelecida com os médicos e voluntários da Paróquia.

"A Pastoral da Saúde é a 'menina dos meus olhos'. Eu me dedico a essa Feira pensando nas pessoas que não têm condições. Porque a saúde no Brasil está um caos, está no vermelho. Então, uma feira dessas é muito importante para essas pessoas", salientou Selma, que vê o evento como um braço de apoio ao serviço público.

"Graças a Deus nós temos o SUS, mas é uma dificuldade para fazer exames, então a gente abre os caminhos dessas pessoas que vêm aqui, direcionando-as para a Prefeitura Bairro, por meio da parceria com o Sistema Municipal de Saúde", pontou.



Selma também ressaltou a necessidade de assistência para os mais carentes.

"Tem gente que vem sem dinheiro nem para transporte, vêm a pé, tem gente que tá com fome", ponderou ela, ressaltando o apoio dos comerciantes que colaboraram doando alimentos.

"Graças a Deus, nós tivemos uma parceria muito grande com os comerciantes locais. Alguns paroquianos também doaram alimentos e outros, que não puderam estar presentes, ajudaram com orientações, como o casal Alberto e Aurora, médico e enfermeira.

"Temos uma parceria boa e é assim que damos oportunidade para esse povo", disse ela, agradecendo especialmente à Clínica NOB - Clínica de Oncologia; Nordeste Implantes - Produto Hospitalar; Clínica de Odontologia Mariss Borges; Clínica de Fisioterapia - Fisicom; Delicatesse de Ondina; Delicatesse Deli Cia - Graça; Padaria Fátima- Ondinapart; Mercadinho Frutas e Cia e Pãozinho Delicia Amado"

"E outra coisa: quando a gente está trabalhando para Deus, as portas se abrem. Eu tive câncer de mama há 12 anos e o médico, em São Paulo, me deu seis meses de vida. E estou aqui há 13 anos. Então só tenho que agradecer a Deus, toda hora. E o que eu faço para esse povo é por amor. É gratidão", ressaltou.


Padre Adão elogiou a atuação dos voluntários


Padre Adão Mazur, que acompanhou a movimentação da Feira, classificou o evento como precioso porque muita gente carente, que não tem acesso a médicos de várias especialidades, foi atendida.

"Nós fornecemos esta possibilidade. Sabemos que a Feira deveria acontecer mais vezes, mas, hoje, ela aconteceu graças à boa vontade dos paroquianos, não só da parte da Prefeitura, do Governo do Estado, mas sobretudo dos voluntários", ressaltou. 

Padre Adão reconhece, ainda, que o evento é uma experiência para melhoramento no futuro. "Os médicos que atenderam hoje já falaram que vão dar algumas sugestões para a próxima vez que realizarmos a Feira, até para colocarmos outras especialidades, conforme a necessidade do povo em geral", contou ele, que, mais uma vez, fez questão de agradecer:

"Precisamos frisar, ainda, a disponibilidade dos paroquianos como voluntários. Tinha pessoas maravilhosas que fizeram um trabalho excelente neste sentido de organizar, de atender com caridade, quase carregando os doentes nos braços".

Para o pároco, padre Casimiro Malolepszy, que também esteve na Feira, o objetivo de trabalhar em conjunto foi realizado. 

"Eu fico muito contente, porque eu pude ver a pastoral de conjunto em um evento como esse, de grande porte, que exigiu não apenas a mobilização das pastorais enquanto organizações, mas até a de pessoas não necessariamente engajadas em algum grupo", registrou o padre.

Por acreditar que as pessoas gostam de ajudar, ele também afirmou que a Igreja precisa promover esse tipo de ação, já que o Estado, em muitas situações, é omisso ou incapaz de atender. "Tem muita gente sofrendo, tem muita gente que não consegue ser atendida, mesmo que tenha direito. E a Igreja, além de se ocupar com a parte espiritual, lamentavelmente precisa suprir essa outra parte, porque precisa fazer bem às pessoas, precisa praticar a caridade", afirmou.

Na oportunidade, padre Casimiro salientou, ainda, um aspecto importante da ação pastoral. "A pastoral não é simplesmente um grupo constituído, mas é tudo aquilo que se faz pelo povo em geral. Então, a mobilização, tanto das pastorais como dos indivíduos, realmente desabrochou neste evento. E foi ótimo fazer bem às pessoas, atender aqueles que, provavelmente, não iriam para as filas do SUS ou então iriam desistir. E aqui, com a boa vontade dos profissionais de saúde e de outras áreas, realmente foram muito bem atendidas", assegurou.


Padre Casimiro agradeceu ao público pela confiança


O padre estendeu o agradecimento ao público, que buscou utilizar os serviços da Feira em um ambiente humanizado.

"As pessoas vieram para cá com a visão de que aqui poderia ser bem feito. E isso me deixa muito contente, porque quando alguém deposita confiança na Paróquia, nos padres, na equipe pastoral, nos leigos aqui engajados, traz uma alegria muito grande pra gente. Confiam em nós, então isso é muito bom. Eu também agradeço ao nosso Cristo Ressuscitado, o Cristo Vivo, né?", considerou ele, lembrando do carisma da comunidade de Ondina.

"A paróquia tem uma marca muito forte, a Ressurreição de Cristo e a vida nova. Então, se nós pudermos multiplicar os atos que vão promover, em todos os sentidos, uma vida nova, realmente nós estaremos no caminho certo. Estamos no caminho sinodal, estamos no caminho da caridade, estamos no caminho da Igreja e, até mesmo, às vezes, na contramão da sociedade. Que bom, que lindo!", ponderou o pároco.

Serviram também na feira as doutoras Amanda Novaes (clínica geral), Luciana Fonseca (fisioterapeuta) e Dalila Freitas, a nutricionista Marília Martins Ferreira e

o estudante de medicina, Pedro Rios.

A Paróquia agradece a todos!


Silvana Lima (PASCOM)

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