Rezar com a Palavra de Deus!
- PASCOM
- 4 de jun. de 2024
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O primeiro dia de junho de 2024 foi marcante para os Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão (MESC) da Paróquia da Ressurreição do Senhor.

Depois de algum tempo sem a possibilidade desse encontro, por conta da pandemia do Coronavírus, os ministros se reuniram em retiro, na Casa da Amizade, em Ondina, sob a Coordenação de Denise Nunes e Vera Leal.
Lá, os MESCs foram agraciados com reflexões profundas sobre o corpo de Cristo, o corpo verbal de Cristo e a Sagrada Escritura.
Sob a condução do Padre Sérgio Ricardo, da recém criada Paróquia do Jesus Bom Pastor, em Lauro de Freitas, eles meditaram sobre os temas por meio da Lectio Divina, leitura orante das Sagradas Escrituras que traz como proposta uma maneira consistente de se estabelecer uma relação mais íntima com Deus.

Para Denise o tema do retiro, "Eucaristia: fonte de vida e missão", lembra da responsabilidade que cada ministro e ministra deve ter com o projeto do Pai.
"É um tema de extrema importância para reflexão dos Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão, principalmente porque chama a atenção quanto à missão, o compromisso que nós, enquanto ministros, devemos ter com este serviço, de tão grande magnitude a nós confiado", pontua a coordenadora.
Para responder a esta exigência é necessário não ficar limitado e limitada à escuta da Palavra somente na missa, como pontuou padre Sérgio no primeiro momento do retiro, mostrando que, acima de tudo, é necessário “rezar com a palavra de Deus”.
Nesse sentido, o padre reforçou a importância da leitura dos documentos do Concílio Vaticano II, inclusive para preparação do Jubileu que vai acontecer em 2025, com atenção para o Dei Verbum, que traz uma formação sobre a oração e o estudo da Palavra.

Foi deste documento, considerado um dos mais importantes do Concílio, que o sacerdote retirou citações para iniciar a pregação, mostrando que a fé, além de ser uma experiência, é um encontro. Para exemplificar tal afirmação, ele citou a visita que Maria realizou à sua prima Isabel, na qual a alegria de Deus e a presença do Espirito Santo se manifestaram de forma significativa.
"Maria estava cheia de Deus. O que Maria transmite para Isabel é aquilo que ela experimentou", frisou o padre. Na oportunidade, o pregador se referiu à Mãe de Jesus como a arca da aliança, mostrando as evidências dos mistérios de Deus nesta e em outras passagens bíblicas.
Aprofundando o tema do retiro, padre Sérgio trouxe como primeira citação o reconhecimento da Bíblia como a Palavra de Deus.
"A Bíblia é um livro, mas quando abrimos, do Gênesis ao Apocalipse, ela fala de Deus. Ela, que foi inspirada pelo Espírito Santo, está cheia de Deus", afirmou.
A segunda citação veio das considerações do Papa Bento XVI a respeito do Sínodo realizado em 2008. Em uma delas, o Papa diz que a Assembleia Sinodal foi um testemunho, para a Igreja e para o mundo, de como é belo o encontro com a Palavra de Deus.
"O Papa sempre insiste nisso; um encontro com a Palavra, sobretudo na comunidade. [...] A missa é o lugar por excelência onde nós, católicos, escutamos a Palavra de Deus. [...] É um lugar [...] onde a Igreja, a nossa mãe, proclama a Palavra", lembrou padre Sérgio.
A segunda consideração está no texto escrito por Papa Bento, que diz:
"Portanto, exorto, todos os fiéis, a redescobrirem o encontro pessoal e comunitário com Cristo. Verbo da vida que se tornou visível, a fazerem-se seus anunciadores para que o dom da vida divina, a comunhão, se dilate cada vez mais pelo mundo inteiro. É dom e dever imprescindível da Igreja anunciar a alegria que deriva do encontro com a pessoa de Cristo. Palavra de Deus presente no meio de nós."
Guiado por essas palavras e por diferentes passagens bíblicas, padre Sérgio continuou falando sobre a importância de rezarmos com profundidade para entendermos o que verdadeiramente Cristo quer nos falar, destacando que a Escritura (bíblia) é o corpo verbal de Cristo e a Eucaristia, o Seu Corpo Sacramental.
"O Padre Sérgio nos traz essa reflexão, muito forte, para que possamos nos apropriar dessa certeza, para estarmos cada vez mais nos conectando com ela. 'O encontro com a palavra viva de Deus”, como fala o Papa Bento XVI, nos traz a dimensão da importância de estarmos em contato direto com essa Palavra", reforçou Denise.

No segundo momento do retiro, foi proposta a realização de um exercício que tocou muita gente: Ler a liturgia do domingo (2), 2Cor 4,6-11, seguindo um roteiro constituído por quatro partes:
1º - Apenas fazer a leitura da Palavra;
2º - Meditar sobre ela e depois escolher um trecho que mais tocou, tentando se colocar naquela cena, ruminando a passagem lida;
3º - Fazer uma oração em cima desse trecho;
4º - Contemplarmos o resultado da leitura, ou seja, a Palavra de Deus.
O grupo mergulhou fundo na atividade, experimentando uma rica vivência, após a qual alguns ministros partilharam.
Alcides Lourenço, Cleide Bispo, Maria do Carmo Badaró, Milze Carvalho e Almira Santos falaram sobre o que refletiram (na sequência do vídeo, aberto por padre Sérgio).
No final da dinâmica, padre Sérgio dividiu com todos percepções valiosas sobre a Santa Missa, trazendo, a título de curiosidade, passagens da carta de Pero Vaz de Caminha ao Rei Dom Manoel, onde é comunicado o descobrimento das novas terras e seus costumes e, em especial, a narração da primeira missa celebrada, na qual enaltece a atitude dos índios, que estavam extasiados participando da celebração. A reverência dos nativos é descrita por ele ao vê-los chamarem a atenção de outros índios que estavam chegando sobre o que estava acontecendo ali, apontando para o sacerdote e para o céu e intuindo, com isso, que algo divino estava ocorrendo.
O pregador também chamou a atenção para a importância de entender cada momento da celebração, bem como os seus ritos, lembrando que existem várias maneiras de olhar para essa segmentação.
“Tem uma divisão que eu gosto muito [...] que divide a missa em quatro momentos: no primeiro, Deus me acolhe (ritos iniciais); no segundo momento, Deus me fala, (ritos da Palavra, juntamente com a profissão de fé e a oração dos féis); no terceiro momento, Deus me alimenta, (liturgia sacramental e a comunhão, na Eucaristia); e no último momento, Deus me envia", revelou padre Sérgio.
Ele discorreu, ainda, sobre outra divisão que gosta de adotar, composta de três momentos:
"O primeiro, que vai até o ofertório, é onde nos oferecemos a Cristo. No início da missa, somos acolhidos por Deus, pela Santíssima Trindade, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Nos oferecemos no pedido de perdão, quando recitamos o Glória; no momento da coleta, onde Ele recolhe as orações da Igreja e também as nossas orações; quando rezamos o credo, elevando a Deus as nossas preces. Nesse primeiro momento, nós nos oferecemos a Deus principalmente na apresentação das ofertas, do pão e do vinho", explicou ele.
Padre Sérgio referiu-se ao segundo momento como o da consagração, onde acontece o sacrifício de Jesus por nós e onde encontra-se O Cordeiro imolado.
Por fim, o terceiro e último momento, na concepção do padre, é o da comunhão, a vida de Cristo em nós.

Após o intervalo do almoço, os participantes vivenciaram mais um momento marcante de partilhas sobre os temas abordados pela manhã. Entre eles, estava a responsabilidade narrada no Evangelho de Lucas 12,48, quando fala que "a quem muito for dado, muito será exigido; e a quem muito foi confiado, muito mais será pedido".
Essa máxima diz respeito à postura madura e responsável exigida dos MESCs, já que vem acompanhada de um imensurável tesouro: o crescimento espiritual proporcionado aos que prestam esse serviço de forma consciente e amorosa, permitindo que este reflita o compromisso com o próprio Jesus.
Não por acaso, Padre Sérgio frisou a relação próxima que os ministros têm com a Eucaristia, podendo auxiliar o padre a levar o Corpo de Cristo aos fiéis, incluindo os enfermos.
"O momento da missa é como se o céu descesse e, então, nós nos abastecemos da Palavra, do Pão, e nos unimos fraternalmente aos nossos irmãos", afirmou ele, ressaltando que o instante mais importante da celebração é a consagração.
Para Luísa Pinho Medauar o dia foi especial. “Está sendo maravilhoso! É aquela certeza de que, quanto mais a gente ouve sobre a Palavra de Deus, mais a gente sente essa necessidade de aprender, de se conectar, de crescer, no sentido de que é o caminho mesmo, é um caminho você ler, se preparar para tentar tirar daquilo ali a mensagem de Jesus, a intenção, e o que a gente vai levar para a nossa vida", garantiu Luísa.
A ministra também acredita que é na busca pela Palavra de Deus que a pessoa pode ser tocada e seguir com a luz dEle, tornando-se melhor e mais generosa consigo e com o irmão.
"Senhor, tende piedade de mim. Que a sua luz esteja sempre comigo, que eu possa, no dia a dia, caminhar ao seu lado, na certeza do Seu amor e misericórdia. Que eu leve ao meu irmão, através do meu testemunho, a alegria de viver em busca da vida eterna", pediu, ressaltando o que mais chamou a sua atenção ao realizar o que foi proposto: "Do meio das trevas brilha a luz. Então é isso, que nosso senhor Jesus Cristo possa ser luz na vida de todos nós”.

A paroquiana Tereza Nórdima percebeu o retiro como um momento de muita reflexão, representando uma oportunidade de pensar no chamado, que precisa ser vivido e configurado nesse serviço ao outro.
Inspirada no que foi salientado por Luísa, Tereza também meditou a respeito da carta de São Paulo aos Coríntios. "Nesse mundo de trevas, em que Deus é luz e que nós, como ministros, somos instrumentos de Deus, precisamos refletir sobre nossos atos, nossas ações, nossas palavras e, verdadeiramente, nosso sentimento ao próximo. Refletir essa luz de Deus, porque realmente o mundo está sofrido e está precisando desse amor e o amor é dEle. É isso. Que a gente consiga, então, amar e servir como diz Santa Dulce", ponderou ela.
Diante da riqueza do retiro, foi notório o desejo das pessoas de meditarem ainda mais sobre as escrituras, sobre o Corpo Sacramental de Cristo e, principalmente, sobre como serem testemunhas vivas do amor de Jesus por todos.
"Devemos estar atentos para rezarmos a palavra de Deus para que possamos transmitir com verdade. Não apenas para que a escutemos. O Concílio (citado acima), logo no início desse documento, diz: 'A palavra de Deus é para que eu acredite, para que eu espere e para que eu ame'. Enfim, para que possamos amar a Deus e sejamos mais íntimos Dele", frisou padre Sérgio.
Silvana Lima, com a colaboração de Gorette Randam (Pascom)
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