#tbt especial: "Atender ao próximo é o papel da nossa Igreja", diz padre Casimiro sobre a Feira da Saúde
- PASCOM
- 3 de out. de 2024
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No último sábado (28), a Paróquia da Ressurreição do Senhor, em Ondina, promoveu mais uma edição da Feira da Saúde.

A parceria com a Fundação José Silveira foi destacada por Selma e padre Maciel (segunda e quarto, da esquerda para a direita, entre os agachados)
O evento foi realizado em parceria com a Fundação José Silveira e apoio de instituições como a Faculdade Rui Barbosa, que enviou para Ondina profissionais da área de odontologia.
Coordenado pela Pastoral da Saúde, tendo à frente a paroquiana Selma Vieira, a feira atendeu pessoas de diferentes bairros de Salvador e até do interior do estado.
O atendimento aconteceu no estacionamento da UFBA e na Igreja Matriz
A Feira da Saúde foi realizada em dois grandes espaços: na Igreja Matriz, onde se encontravam os psicólogos, médico da dor, ortopedista, médicos clínicos, cardiologistas e dentistas voltados ao público adulto e no estacionamento da UFBA, onde foram oferecidos serviços de odontologia infantil, ultrassonografia, mamografia, raio-X, pediatria e clínica médica também.
Devido à grande demanda, alguns desses serviços tiveram a oferta ampliada, como aconteceu com a mamografia e a ultrassonografia.

Para Selma (foto), o aumento na quantidade de atendimentos mostra a importância da feira e do serviço voluntário.
"Estou tão feliz, sabe por quê? Tinha gente aqui desde 3h30 na fila. E trabalhar para Jesus é tudo", comemorou.

Selma foi auxiliada por Tiziane Bastos (foto), que há dois anos atua na Pastoral da Saúde e anteriormente contribuiu na área de ortopedia. Este ano ela convidou novos profissionais, como a a Dra. Flávia Yolanda, cardiologista responsável pelo exame de ecocardiograma.
"A gente tenta entregar o melhor, independentemente de ser privado ou público. Quando você faz o que ama, você tende a fazer o melhor, seja para qualquer ser humano, e isso está chegando nas pessoas", refletiu Liziane.

Luciene, primeira à esquerda, e outras pacientes elogiaram o atendimento de Dra. Flávia
Uma das beneficiadas foi Luciene dos Santos Costa, que saiu encantada com o serviço.
Moradora da Federação, ela foi à feira por indicação de uma amiga.
"Muito bom o atendimento, tanto das meninas, como dos médicos. Não ficou devendo nada ao particular, aliás, tudo aqui é até melhor do que o particular, porque o particular marca e o médico não vai. Aí desmarca pra marcar de novo, não adianta nada. Aqui já fiz meu exame e tudo. Foi ótimo", revelou ela.

Para Dra. Flávia (foto) a experiência foi positiva. "É a primeira vez que eu estou participando desse projeto, é sempre bom ajudar. Pode contar comigo sempre", afirmou a médica, que foi elogiada pela qualidade do atendimento.
"Seja pelo SUS, seja de graça ou seja particular, o atendimento é o mesmo. Quando você faz o que gosta, e dependendo do que seja, não tem como não fazer direito", ponderou.

A contribuição das pessoas também aconteceu por meio de doações, principalmente de alimentos, que sanaram a fome daqueles que chegaram durante a madrugada para garantir uma ficha.

A demanda surpreendeu até a Fundação José Silveira, que já fala em realizar mais eventos como esse, ainda este ano, em parceria com a paróquia.
Para Ivana Damaceno, responsável técnica pela feira, que regularmente é realizada pelo programa Saúde e Cidadania (PSC), sob a coordenação de Rafaela Daz e a supervisão de Andréa Damasceno e Sarita Alves, a parceria com a paróquia foi crucial para levar saúde para a comunidade.
Foram oferecidos serviços de odontologia para adultos e crianças
"Em todo lugar que nós vamos, precisamos de uma liderança parceira, porque precisamos de ponto de apoio para banheiros, de locais para consultórios itinerantes, de lugar para instalar as unidades de atendimento, então, sem essa parceria com as lideranças, a gente não consegue fazer o trabalho", explicou Ivana, que também ressaltou a precariedade do serviço público de saúde na atualidade, o que faz crescer a dimensão humana da ação.
"O trabalho do PSC é gratificante, é muito bom. A gente presta serviço para a comunidade, mas não é um favor que a gente está fazendo para as pessoas, é o nosso trabalho. E isso que é gratificante. A Fundação faz esse serviço, levando o legado do professor José Silveira, que é servir aos outros, por meio da missão da Fundação: 'promover saúde e ação social com excelência e benefício da sociedade'", explicou.

Padre Casimiro Malolepszy (foto), missionário redentorista e pároco da Paróquia de Ondina, reconhece o valor da parceria, especialmente no que diz respeito à dimensão fraternal da Igreja.
"A importância desta feira é enorme. Sabemos que a saúde em nosso país deixa muito a desejar, principalmente quando se trata de atendimento dos mais pobres, dos mais necessitados. As pessoas têm dificuldades, têm os prazos muito grandes para marcar os seus exames e outros procedimentos pelo SUS. Esse tipo de feira alivia um pouquinho a dor daqueles que precisam esperar, às vezes meses e meses, para serem atendidos bem", comentou o pároco.

Esse foi o caso de Ana Rita Medrado (foto), moradora do Garcia, que soube da feira por conhecidos e pela primeira vez foi conferir o serviço.
"Estou precisando de cardiologista e estou tendo muita dificuldade, eu tenho um problema de hipertensão e preciso de avaliação cardiológica. Gostei muito dessa feira, pela organização das pessoas. Teve feiras que eu já fui e desisti, pela bagunça. Aqui está bem organizado, e a localização é muito boa. Espero, quando precisar, conseguir de novo", confessou ela.

Dr. Alberto é colaborador fiel da feira
Pessoas como Ana só puderam ser acolhidas porque profissionais da saúde doaram seu tempo e seus conhecimentos para aqueles que deles necessitam. Entre eles estavam o Dr. Alberto Alencar Carvalho, que fez questão de atender a todos, independentemente do tempo de cada consulta.
"Eu me sinto bem e ajudo alguém que precisa. Estou muito realizado. Toda vez que tem isso aqui, eu participo e ajudo, e se eu puder continuar ajudando, continuo", afirmou o paroquiano e médico da dor.

Para Anajar Fernandes da Silva (foto), religiosa da Sociedade das Filhas do Coração de Maria e auxiliar de Dr. Alberto durante a feira, servir traz contentamento.
"É uma alegria para nós estarmos participando hoje dessa iniciativa. A gente sabe que a demanda em torno da saúde é muito grande e os órgãos muitas vezes não têm como atender. As pessoas têm sido beneficiadas com essa iniciativa da Igreja. Eu vejo as pessoas saírem daqui sorrindo, porque, além do atendimento ser bom, ainda tem o acolhimento humano, que é isso que as pessoas estão precisando", justificou.
Os voluntários acolheram e cuidaram do público, enquanto não estava em consulta
Essa disponibilidade foi lembrada por padre Casimiro, ao reforçar que os paroquianos sempre se colocam à disposição para servir e fazem isso com alegria e dedicação.
"Os voluntários nunca nos faltaram. Isso é muito bom porque atender ao próximo, no amplo sentido, é o papel da nossa igreja. Precisamos evangelizar, precisamos transmitir a mensagem e o ensinamento de Jesus Cristo, que também se transmite por meio das ações concretas", disse ele.
Esse tipo de atitude foi reforçada na fala de Vitória Sampaio, fisioterapeuta. Como uma das colaboradoras mais antigas da feira, ela convida novos voluntários para as próximas edições.
Vitória falou da satisfação em servir
"É um dia belíssimo de doação de amor ao nosso próximo, vale à pena conhecer", convidou ela.
Esse gesto de doação responde ao que já descrevia São Tiago na sua carta: a fé sem obras é morta. Mostre-me a sua fé sem as obras que eu vou te mostrar a minha por meio das obras.
Profissionais de diferentes especialidades prestaram serviço durante todo o dia
"São Tiago entendeu bem que é preciso estar à disposição do povo de Deus, principalmente à disposição dos mais necessitados. E o que podemos fazer? Jesus pediu que os seus discípulos fossem capazes de fazer algo mais.
A gente precisa realmente fazer algo mais, dar um passo para frente sem esperar recompensa, sem esperar nada em troca. Essa é a verdadeira caridade, essa é a verdadeira prática da fraternidade. E é o que, por meio desta feira, entre outras iniciativas, estamos querendo fazer", esclareceu padre Casimiro.

Carol, terceira da esquerda para a direita, ressaltou a felicidade de servir na casa de Deus
E foi imbuída desse sentimento, que Carol Souza, da Comunidade do Imaculado Coração de Maria, resolveu ajudar.
"Eu acho que servir é bom demais, mas servir com esse propósito, na casa do Senhor, torna tudo especial. É cansativo, tem essa correria e preocupação com as pessoas que estão sendo atendidas, mas sair de casa pra ajudar os necessitados sem nada em troca, só pensando que você tá servindo a Deus, é maravilhoso", afirmou a jovem.
É por meio dessa união que a Igreja colabora com as unidades de saúde, para que estas se aproximem mais da comunidade, procurando atender as necessidades mais urgentes de cada cidadão e de cada cidadã de nossa cidade, especialmente da Paróquia de Ondina, como acredita o padre Maciel Pinheiro, Superior do Santuário de São Lázaro e São Roque.

Para ele, gestos como este refletem o compromisso de cada cristão com seu próximo, a despeito das diferenças que possam separá-los.
"Quando nós falamos do bem-estar e do cuidado do ser humano, nós entramos na dimensão da missionariedade. Os esforços da paróquia, através dos seus agentes, se unem aos de pessoas de boa vontade, que às vezes não professam a mesma fé que a nossa, mas, tendo em vista esse cuidado, vão ao encontro daqueles que precisam", refletiu ele, lembrando do pedido do Santo Padre.
"Quando o Papa Francisco fala de uma Igreja em saída, ele não está se referindo, pura e simplesmente, a uma evangelização baseada numa doutrinação, mas ele fala também do resgate de um ser humano como um todo", acrescentou.

Cristiane Sampaio, Luciana Barreto, Ítalo Souza, Mariana Souza (na primeira fileira), junto com Rose Souza, Adriana Dultra e Carmen Lavigne (na segunda fileira) formaram a equipe de psicologia que serviu na feira
Essa observação faz lembrar o quanto a saúde mental é importante para o bem-estar integral do serviço humano. Pensando nisso, o grupo de psicólogos da Paróquia realizou diversos atendimentos nas salas e espaços disponíveis no interior do templo.
Ítalo Max Souza, psicólogo voluntário, fez uma avaliação do atendimento.
"O saldo é muito positivo. A fila está constante e a gente não fica sem atender ninguém. Isso indica que as pessoas já estão enxergando o cuidado com a saúde mental como algo importante e necessário. Então eu acredito, pela experiência dessa feira, que as pessoas estão vindo com essa consciência. Por mais que não tivessem atendimento psicológico antes, estão abertas a perguntar, tirar suas dúvidas e participarem de uma terapia, de um acolhimento psicológico", analisou ele.
O que se observou, nas diferentes especialidades oferecidas, é que a feira representou uma grande oportunidade pra muita gente realizar procedimentos que, apesar de simples, nem sempre estão disponíveis com facilidade, como pontuou a Dra. Dalila Baraúna.
A médica clinica falou sobre a precariedade da assistência oferecida para a população.
"São poucos profissionais para muita gente e a população é muito desassistida. Por mais que seja um encaminhamento, um exame de rotina, uma renovação de receita, eles precisam ter contato com o médico, porque não conseguem com o posto. É uma gratificação enorme poder ajudar de alguma forma. A população precisa e a mim faz muito bem", frisou ela.

Gabriel e Luiza auxiliaram a Dra. Dalila (centro)
Para o estudante de medicina, Gabriel Cerqueira, que acompanhou de perto os atendimentos de Dra. Dalila, ter contato com as pessoas e saber que existem diferentes realidades foi fundamental.
"Vi o quanto somos privilegiados em alguns pontos e quanto precisamos melhorar em outros", constatou ele.
Para Luiza Oliveira, a maioria das queixas eram simples, fáceis de resolver, mas por ficarem meses, anos, na fila de atendimento, acabam por se transformar em situações complexas.
"Essa discrepância da quantidade de pessoas para serem atendidas em relação aos pouquíssimos médicos atendendo pelo SUS é o que mais me chama a atenção", disse ela.
Por tudo isso, o sentimento que fica é de uma enorme gratidão, como expressou padre Casimiro.
"Eu agradeço a todos que tomaram a iniciativa e a todos responderam ao nosso apelo, principalmente os profissionais que se colocaram à disposição e trabalharam como voluntários nesta feira.

Pessoas de diferentes locais e profissões se uniram para servir
Agradeço também a todos que assumiram outros serviços, desde quem preparou o cafezinho, até quem estava cuidando da limpeza", lembrou ele, confirmando a intenção de realizar outras iniciativas como essa, em escala um pouco menor, mas com maior frequência.
"Quanta necessidade o povo tem. A gente percebe que a carência é muito grande. Neste momento fica o apelo para as autoridades darem mais atenção ao atendimento de saúde ao nosso povo", salientou.
Além da Pastoral Social, o padre também agradeceu a todos os grupos que se fizeram presentes.
"Um agradecimento, mais uma vez, a todos que se doam, se dedicam, se entregam. Muito obrigado a todos os parceiros e voluntários. Como discípulos de Jesus, procuremos fazer com que o nosso irmão, nossa irmã, necessitados, sofram menos, tenham mais alegria de viver e possam viver com maior dignidade", pediu.
Silvana Lima (Pascom), com a colaboração de voluntários da Feira da Saúde
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