Deus ama e cuida do mundo através de você! Participe do último dia de palestras sobre a Bíblia.
- PASCOM
- 27 de set. de 2023
- 6 min de leitura
Na última quarta-feira (20) a Paróquia realizou mais uma palestra sobre a Bíblia, desta vez com a participação de José Carlos, da Pastoral da Catequese, que falou sobre o tema "A Unidade e a Unificação do Corpo de Cristo".
O evento foi iniciado com a invocação ao Espírito Santo e a leitura de Ef 4,17-32, que reforça o tema do mês da Bíblia: "Revestir-se de Uma Nova Humanidade".
Antes, porém, da reflexão do tema proposto, José Carlos fez uma breve apresentação sobre o mês da bíblia, falando do seu surgimento, em 1971, quando, a partir daquele ano, é escolhido um livro bíblico para ser aprofundado em setembro.

Em 2023, o tema escolhido pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e pelas instituições bíblicas brasileiras para 2023 foi a “Carta aos Efésios” (Ef) com o lema: “Vestir-se da nova humanidade” (Ef 4,24).
A escolha de ambos foi motivada pelo tema central de Efésios, a eclesiologia, ramo da teologia cristã que trata da doutrina da Igreja. A partir dessa doutrina, a Carta aponta maneiras de se viver a sinodalidade, o caminhar juntos solicitado por Cristo e sinalizado pelo Papa Francisco com a convocação do Sínodo, para o período de outubro de 2023 a 2024, cuja temática será a sinodalidade e o resgate da importância do batismo no processo de iniciação na fé cristã, e também no compromisso de viver como cristão e cristã em comunidade.
A Carta aos Efésios é um dos livros do Novo Testamento e a data mais provável da sua elaboração é entre os anos 80 e 90 d.C. Há indícios que, provavelmente, foi escrita para as comunidades dos(as) seguidores(as) de Jesus localizadas na Ásia, ou seja, tem um público mais amplo e heterogêneo do que as comunidades cristãs da Palestina.

A Carta estrutura-se em seis capítulos que formam dois grandes blocos. O primeiro contém um conteúdo densamente teológico (Ef 1–3), salientando que a Igreja é o Corpo de Cristo, e Cristo a “cabeça” do corpo eclesial. A segunda parte é parenética (textos com ensinamentos) e exorta a comunidade, formada pelos(as) batizados(as), tanto os oriundos da cultura judaica como os da gentílica, a manterem a unidade na diversidade; a agirem eticamente, tendo Cristo como o princípio normativo; a comportarem-se como filhos(as) da luz; a revestirem-se da “nova humanidade” em Cristo; a mudarem as relações familiares e sociais; a serem imitadores de Deus, deixando-se guiar pelo Espírito (Ef 4–6). A carta conclui-se com um convite a prepararem-se para um “combate espiritual” contra todas as potências do mal, contra o antirreino.

A Igreja de Cristo
O autor da Carta aos Efésios descreve uma Igreja universal, única e personificada. A Igreja é entendida como um ser em Cristo, por isso sua visão universal não consiste na soma de todas as comunidades locais situadas nas mais diversas partes do mundo, mas é universal, dado que todas se fundamentam em Cristo. A Igreja se torna mediadora entre o mundo terrestre e o celeste. Desse modo, tem uma função soteriológica (parte da teologia que estuda a salvação da humanidade), isto é: baseada nos profetas e apóstolos, ela é o espaço no qual a salvação é oferecida ao mundo. No entanto, o autor de Efésios defende a primazia cristológica em relação à eclesiológica. De fato, Cristo reconciliou os dois grupos da humanidade, judeus e gentios, e fez deles um só povo, um só ser humano novo: a Igreja (2,11-22), que tem como fundamento os apóstolos e os profetas (2,20a); porém Cristo é a pedra angular (2,20b).
A unidade e edificação do Corpo de Cristo ( Ef 4,1-16)
Essa unidade está presente desde o início da carta até a saudação final. A unidade vem da Trindade, o Pai e o Filho juntamente com o Espírito elegeram gentios e judeus para receberem gratuitamente a salvação em Jesus Cristo.
A centralidade de Cristo, sua ação redentora e restauradora e a paz que Ele concede a todos os que aceitam fazer parte desse grupo, está sempre unida à decisão do Pai e à ação do Espírito.
Assim também, o pensamento sobre a Igreja (eclesiologia) está firme em Cristo, mas isso ocorre pela ação do Espírito Santo em unidade com Pai. A unidade está garantida graças às afirmações: temos um só corpo, um só espírito e uma só esperança. A Igreja é o corpo de Cristo, pela ação do Espírito, e caminha nesse mundo na esperança da glória futura. O autor parte da realidade experimentada pela Igreja.
Os cristãos e as cristãs são chamados a viver em comunidade, seguindo os passos de Jesus, graças a ação do Espírito que atua na vida da Igreja.
Esperando pela glória futura, enquanto trabalha pela construção terrena de um mundo mais justo. Depois ele vai afirmar que há um só Senhor, uma só fé e um só Batismo. Segundo a Carta aos Efésios, é o Senhor o fundamento da nossa fé recebida no nosso Batismo. Sermos batizadas e batizados nos torna participantes dessa unidade que parte de Jesus, sua Vida, morte e Ressurreição.
Ser Igreja significa estar mergulhado nesse mistério de amor.

A paternidade divina
Há um só Deus e Pai de todos. A paternidade divina é estendida a toda a humanidade através da ação da comunidade eclesial. Deus amou tanto o mundo que nos deu seu filho, Jesus, que se entregou por amor à humanidade, deixando seu Espírito para conduzir os seus seguidores, a comunidade dos seus discípulos e das suas discípulas.
A vida em comunidade revela para o mundo o quanto Deus nos ama. A comunidade age em meio ao mundo como faria o próprio Jesus. Deus ama e cuida do mundo por intermédio da comunidade cristã, quando essa atua segundo o Evangelho. Em Jo 5,17, Jesus afirma que Ele e seu Pai trabalham para cuidar da humanidade.
A Igreja, como a nova criação de Deus, expressa a reafirmação do amor de Deus por sua criação. Ele viu que tudo era muito bom (Gn 1,31).
Unidade na Diversidade
Segundo o autor da Carta aos Efésios, essa unidade só é possível porque Jesus distribuiu dons à Igreja. Todos os dons estão a serviço da edificação da comunidade cristã. Os serviços de apóstolos, profetas, mestres e evangelistas estão ligados à proclamação e à expansão do Evangelho, e os pastores ligados ao cuidado e à organização da comunidade.
Todos os ministérios estão a serviço do povo de Deus. A responsabilidade pela Palavra torna a comunidade adulta na fé e atesta a maturidade cristã. A Igreja é formada por adultos na fé, que não poderão mais ser enganados por falsas doutrinas que contradigam a verdade pregada e vivida por Jesus Cristo.
O crescimento da comunidade cristã acontece graças ao trabalho pessoal de cada membro da Igreja. O testemunho de vida dos cristãos e das cristãs no seguimento do Evangelho de Jesus é a garantia da unidade da Igreja. A unidade da Igreja se dá pela dinamicidade de seus dons e serviços dentro da comunidade, trabalhando todos pela construção e pelo crescimento do Evangelho.
Toda a Carta aos Efésios, em suas diversas partes, ressalta a unidade de todos os povos em Cristo, formando nele uma nova humanidade, redimida em sua oferta na Cruz, para viver uma relação filial com Deus, o Pai, mediante o dom do Espírito. Essa realidade à qual a humanidade é vinculada, a unidade em Cristo, torna-se possível na Igreja, Corpo de Cristo, lugar da experiência de encontro com o Ressuscitado e da vivência do amor fraterno. Desse encontro nasce o cristão para uma vida nova, em Cristo, na comunhão com Deus e na vivência da unidade entre os membros da comunidade dos seguidores e das seguidoras de Cristo, na Igreja. Assim, cristologia e eclesiologia se entrelaçam, duas faces da mesma realidade do mistério de Cristo.

As duas partes da carta, aprofundamento doutrinário e exortação à correta conduta cristã, estão orientadas para o tema central de Efésios: a unidade do Corpo de Cristo, a eclesiologia. Todos os povos, representados pelos judeus e gentios, formam o Corpo de Cristo, a Igreja. E, como corpo, a Igreja está intimamente ligada a Cristo, Cabeça da Igreja. O que ela é e o que é chamada a testemunhar no mundo só são possíveis enquanto ela estiver unida a Cristo, origem e fonte da vida da Igreja. Deus, por amor, criou a humanidade, resgatou-a da morte, concedendo-lhe participar da vida divina, da comunhão de amor da Trindade.
Assim, o amor de Cristo por cada um é fonte de unidade para todos, a qual se experimenta na comunidade fraterna.
A palestra foi concluída com a oração final e José Carlos recebeu uma lembrança em sinal de reconhecimento.
Você ainda pode participar do ciclo de palestra que se encerra hoje, às 19h30, na Igreja Matriz, com padre Valson Sandes falando sobre o tema: "Vestir-se da Nova Humanidade". Divulgue!
José Carlos (Pastoral da Catequese), com a colaboração de Silvana Lima (PASCOM)
Comments