“Lavai os pés uns dos outros”
- silvanaparoquiadeo
- 6 de abr. de 2023
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Esse foi o pedido feito por Jesus no dia em que instituiu a Eucaristia, mostrando a todos a importância de servir com dedicação e humildade ao lavar os pés daqueles que O acompanhavam mais de perto.
A cena se repetiu nas igrejas do mundo inteiro, nessa última Quinta-Feira Santa (6 de abril), incluindo a Igreja Matriz, em Ondina, na missa das 18h, presidida pelo pároco, padre Cristóvão Przychocki. Lá, 12 pessoas, entre homens e mulheres, foram convidadas a tomar o lugar dos apóstolos de Cristo, representando toda a comunidade paroquial.
Antes, porém, os padres da Paróquia da Ressurreição do Senhor se uniram a outros padres da Arquidiocese de Salvador, para participar, pela manhã, de outro momento importante: o da bênção dos santos óleos usados durante todo o ano para o Crisma, os catecúmenos e os enfermos. Essa primeira missa contou com a presença dos bispos que, junto com os padres, reafirmaram o compromisso de servir a Jesus.

Já na Paróquia, padre Cristóvão fez questão de frisar que a atitude do Mestre, no dia em que também realizou a última ceia com Seus discípulos, representa um profundo gesto de amor com a humanidade, expressando o Seu desejo de que aprendamos a fazer o mesmo.
Durante a homilia, o pároco aprofundou a reflexão sobre os temas próprios desse dia: a Instituição da Eucaristia, que designa a presença real e substancial de Jesus sob as aparências de Pão e Vinho; o Dia do Sacerdote, instituído na Quinta-Feira Santa por Jesus ao ordenar a memória do seu gesto, "Fazei isto em memória de mim" e o Lava-Pés, revelando que o serviço e a humildade são pontos centrais da mensagem de Cristo.
“Precisamos valorizar e nos aproximar do Sagrado porque a Eucaristia é o Corpo e o Sangue do nosso Salvador”, disse o padre, que transmitiu para os paroquianos a gratidão do Arcebispo Dom Sérgio da Rocha por rezarem, cuidarem e se preocuparem com os sacerdotes:
“a gente sabe que o padre sai do povo [...], e nós, como comunidade, precisamos ter esse olhar de compaixão [...] porque o padre também sofre, o padre também chora, o padre também enfrenta as dificuldades, o padre também se aborrece como qualquer outra pessoa”, pontuou ele, agradecendo o cuidado que a Paróquia de Ondina tem com seus padres e a importância de rezar pelas novas vocações. “Se faltar padre, faltará a Eucaristia e se faltar a Eucaristia a gente vai padecer”, alertou.


Para concluir, padre Cristóvão tomou a pergunta feita por Jesus após lavar os pés dos apóstolos: “compreendeis o que eu acabo de fazer?”. Com esse questionamento, Cristo nos chama para a nossa verdadeira vocação, que é de servir. “A nossa vocação é de lavarmos os pés uns dos outros [...] É Jesus que nos pede [...] É Jesus que pede para você lavar os pés do seu esposo, da sua esposa, dos seus filhos, dos seus pais, dos seus avós. Esse gesto expressa algo muito mais profundo do que derramar água sobre os pés de alguém. Isso significa se doar, isso significa sentir a compaixão, perdoar [...] Diante desse fato, nós precisamos nos perguntar: ‘como eu vivo, como eu sirvo, como eu estou com as pessoas que Deus me deu? ’ ”, ponderou.
Após a missa, Jesus Eucarístico foi encoberto por um véu, conduzido pela igreja e depois para a capela, simbolizada pelo sacrário colocado ao lado do altar. As pessoas permaneceram em silêncio, em sinal de respeito pela Sua agonia. Iniciava-se, naquele momento, o sofrimento da Sua Paixão e morte. O ato simbólico deixou todos emocionados, como aconteceu com Viviane Pereira. Ela foi uma das que teve os pés lavados.

Vivendo um momento de luto, a paroquiana falou da surpresa em ter sido escolhida. “Não esperava. Me senti muito bem. Ganhei um presentão”, explicou ela, que começou a servir após a missa de 30º do falecimento do seu esposo, ocasião em que conheceu padre Cristóvão. “Tudo isso tem sido um acolhimento muito grande para o meu coração. Quero ‘lavar muitos pés’ aqui”, revelou.
Marciano Maciel, também escolhido para o Lava-pés, confessou ter imaginado o próprio Jesus realizando esse gesto enquanto participava da cerimônia.
“Jesus demonstrou humildade e ao pedir para ‘lavarmos os pés’ dos nossos irmãos, Ele deixou claro que não existe distinção de classes. Perante O Rei somos todos iguais. Foi emocionante. Foi como tirar um peso da alma”, confessou o paroquiano, que serve na Pastoral do Acolhimento.
Silvana Lima, com a colaboração de Mirna Machado (PASCOM)
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